sexta-feira, 30 de julho de 2010

Depois do presente: Narciso

Um Ser me deu essa semana o trecho abaixo (de um conto do CFA). Não contive meu ego vaidoso e postei aqui:

B&W 024

"Aquele menino trazia na testa a marca inconfundível: pertencia àquela espécie de gente que mergulha nas coisas às vezes sem saber por que, não sei se na esperança de decifrá-las ou se apenas por mergulhar. Essas são as escolhidas, as que vão ao fundo, ainda que fiquem por lá. Não sei se você sabe que muitas pessoas trazem a mesma marca daquele menino. Algumas, a maioria delas, passam a vida inteira sem saber disso, outras descobrem cedo, outras tarde, algumas tarde demais, algumas nunca. Sei que se o menino naõ tivesse ido lá não teria descoberto, seria no máximo mais um desses pescadores que olham o mar com olhar profundo, você deve ter notado que há os que olham o mar com olhar profundo e os que olham o mar com o olhar torvo. Não só o mar. Os que trazem a marca, mesmo que não saibam dela, esses olham as coisas com olhar de sangue. Os que sabem da marca ganham uma luz estranha e uma lentidão e um jeito de quem sabe todas as coisas. Os outros todos olham as coisas com um olhar torvo. Os outros todos são escuros, estúpidos, podres. Os outros não sabem. Quando aquele menino foi lá pela primeira vez tinha apenas um olhar de sangue - mas quando foi pela última vez seu olhar já era de luz, era todo lentidão, complacência, compreensão, todo ele amor e sol."

!Gracias!, Ser.

P.s.: Post mais narciso, ever!

Postando de São Luís. Feliz.

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